3.12.09

Deixa a nega gingar.


Ao darmos aquela chacoalhada na árvore das boas alternativas da música brasileira, não caem apenas frutos, mas cantoras - e às pencas. Elas cantam e compõem bem, têm referências musicais extensas e sem preconceito, são charmosas e carismáticas e estão preparadas para encarar as mudanças latentes no mercado musical. Essa profusão de novos talentos, que ostentam os mesmos predicados, por vezes lança equívocos e, desses, poucas escapam. É o caso de Clara Moreno. Clara recém-lançou um álbum com mais identidade, mais estilo e mais feminilidade do que seu bem-sucedido antecessor. No seu primeiro álbum, "Meu samba torto", Clara Moreno foi apresentada como a filha da cantora e compositora Joyce e que começou a carreira com um álbum promissor e bem produzido. Com "Miss Balanço", Clara afirma sua liberdade musical com ousadia e frescor. Sua voz e interpretação estão mais soltas e autênticas, cercadas por arranjos complexos, e temperadas por melodias que riscam o salão. Seus sambas preenchem os espaços onde se reverencia a tradição e se apresenta a novidade. "Deixa a nega gingar" justifica o título do álbum com um ar pop irresistível e indisfarçavelmente contemporâneo. Quem ganha é o fã da música brasileira: enquanto outras se estapeiam por um lugar ao sol, Clara sorri com a certeza de que veio para ficar.

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