22.1.11

O som visual de Teebs.


É muito bom começar o verão de 2011 ouvindo (mais uma vez) “Ardour”, o primeiro álbum de Teebs. Pintor, skatista e “beat maker”, Teebs é amigo, discípulo e protegido de Flying Lotus. Isso explica o fato de “Ardour”, um álbum de sonho de uma noite de verão, ter saído no final de 2010 pelo selo Brainfeed, cujo dono é o próprio Fly-Lo, de quem Teebs já foi vizinho em Los Angeles.

A proximidade e a afinidade influenciaram Teebs na medida certa, mas nunca ao ponto de fazer ele soar como uma imitação do Flying Lotus. Pra isso, Mtendere Mandowa (esse é o nome do cara!) fez as coisas com sabedoria: caprichou nas batidas e nas texturas, mas não meteu o pé completamente no experimentalismo, tão forte e tão bem resolvido nessa cena “beat” de Los Angeles. Em vez disso, criou um som mais “visual”, evocativo e que, com o perdão do trocadilho, parece uma pintura.

Nas 18 faixas do disco, fragmentos de hip hop, jazz e ambient colidem, gerando partículas musicais que Teebs manipula como se fossem tintas na sua palheta. O resultado é um som multicolorido e lisérgico como os visuais de “Avatar” – Flying Lotus descreveu “Ardour” como a trilha não-oficial do arrasa-quarteirão de James Cameron.

De fato, “My whole life” parece o som daquelas criaturas, parecidas com águas-vivas, que iluminavam Pandora durante a noite. Já “While you dooo”, puxada por uma suave batucada, cria uma good trip praiana carioca. “Moments” lembra o melhor do inigualável Lemon Jelly. E “Lakeshore Ave”, curtinha, com menos de dois minutos, é uma pílula que nos faz sonhar com jazz a beira da praia.

A capa, linda, foi desenhada por Teebs, como era de se esperar. E é por causa dela que o vinil (duplo) já está a caminho lá de casa. Afinal, “Ardour” é um disco pra apresentar à toda família!

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