31.3.11

A synth-salada do Miami Horror.



Se você recita mantras do tipo "a música dos anos 70 e 80 é que era legal", então preste atenção num cara chamado Benjamin Plant, de Melbourne, Austrália. DJ, produtor e o cérebro por trás do Miami Horror – que remexe a nossa quinta que vem (07/04) no Circo Voador - Ben é dotado de uma capacidade impressionante de absorver, reprocessar e fazer sua música soar tão bem quanto suas assumidas influências destas duas décadas, sem cair no pastiche. O Miami Horror surge em 2010 com um álbum sofisticado, inteligente e extremamente bem produzido.

“Illumination” começa com Plant tentando nos desorientar com os dois pomposos minutos de "Infinite Canyons". Felizmente os passos que caminham de um canal para outro do fone de ouvido atravessam a paisagem sonora da abertura e caem direto na pista de dança em "I Look To You", uma obra de inspiração french house com um loop de metais metralhado por percussão e sustentada por uma linha de baixo de fazer Bootsy Collins choramingar baixinho. A voz relaxada da neozelandesa Kimbra faz o contraponto perfeito com a euforia disco da faixa.

Com sua síntese New Orderiana, "Sometimes" foi o primeiro single de Illumination. Tem uma letra que cheira a espírito juvenil e é também um dos pontos altos do álbum: uma audição mais atenta revela o trabalho meticuloso de Ben Plant ao preencher cada espaço da canção com efeitos, loops de bateria e backings vocoderizados quase imperceptíveis no refrão. Palavras de Ben: "Nós gastamos dez meses somente mixando o álbum, que é um processo que normalmente leva duas semanas. Temos de fazer o álbum que queremos fazer. E nós fizemos." Muito bom constatar que o trabalho valeu a pena.

Aliás, há uma tiragem inicial limitada de Illumination que inclui um disco extra com dez remixes. Os destaques da sessão bisturi vão para duas boas versões houseadas de "Moon Theory" ("Punks Jump Up Remix" e "Sam La More Remix"), Fred Falke dando uma polida em "Make You Mine" (faixa do EP Bravado) e o Treasure Fingers substituindo os sintetizadores de "Don't Be On With Her" (que na versão original copiavam na cara dura os teclados de "When Doves Cry" do Prince). O resto saiu da plástica com cara de Donatella Versace (sic).

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