
Na publicidade, no comércio, no futebol, na moda e em muitos outros setores, o brasileiro se destaca, de modo geral, por sua inventividade e criatividade. Na música não é diferente. O mundo reverencia a genialidade de nomes como Caetano Veloso, Tom Jobim, Os Mutantes, Jorge Ben… E também Luiz Félix e Fabrício Jomar. Bom, talvez estes últimos não sejam ainda nomes muito conhecidos, mas tenho certeza que ao menos um dos seus legados já entrou definitivamente para o rol das grandes sacadas do mundo musical. Os dois integrantes do grupo paraense La Pupuña são responsáveis pela hilária releitura de um dos marcos da indústria fonográfica, o álbum “The Dark Side of the Moon” (1973), da legendária banda Pink Floyd. A apimentada versão regada a guitarrada, calypso e tecnobrega ganhou o sugestivo nome de “The Charque Side of The Moon” (2007). Isto porque charque é como os paraenses denominam a carne-de-sol mas também como referem-se, delicadamente, à genitália feminina. Não à toa a foto da capa. Releituras, mashups e remixes não são novidades no mundo da música. O próprio disco original já tinha ganhado uma versão reggae-dub protagonizada pelos novaiorquinos do Easy Star All-Stars, em 2003, quando a obra-prima do Floyd completaria 30 anos. Mas o que chama atenção no trabalho de Félix e Jomar, além da inimaginável combinação de ritmos paraenses ao rock psicodélico de Guilmor, Waters e cia, é a fidelidade com que as músicas foram gravadas, preservando a separação em diferentes canais, a ordem das faixas, os detalhes sonoros e invencionices. “Speak to Me/Breathe” anuncia a experiência com a introdução do som do motor dos barcos popopô, parte para o carimbó “Time” com os sinos da Basílica de Nazaré, seguindo com a clássica “Money” misturando galos e a guitarra de Mestre Vieira, as famosas risadas de Fafá de Belém em “Brain Damage”, finalizando em grande estilo com a lambada “Eclipse”. Brincadeira boa é pegar o original e ficar comparando os detalhes de cada música. Impagável!
Nenhum comentário:
Postar um comentário