25.4.10

Pra espalhar amor.


Mafaro, num dialeto do Zimbábue, significa alegria. Assim garante o prolífico André Abujamra que na África buscou inspiração para criar o júbilo musical de Mafaro (2010), seu terceiro disco solo. Ainda integrante do duo Os Mulheres Negras e da banda Karnak – ativos após duas décadas de trabalho -, Abujamra compôs harmoniosamente uma enorme teia sonora que une retalhos de balkan beats, R&B, reggae, carimbó, viola caipira e batidas eletrônicas. “Origem” é a faixa abre-alas do enredo de Mafaro com banjo à la western macarrônico, metaleira soul e batida cigana, ratificando que a África é a mãe de todas as culturas. O caldeirão de referências segue em frente com a infusão de guitarrada e tons árabes de “Uma a Uma” e o batidão de “O Amor é Difícil”, com o amigo Evandro Mesquita abrindo o leque de participações que vão de Zeca Baleiro em “Lexotan” ao baiano Luiz Caldas no reggae de terreiro “Tem Luz Na Cauda Da Flecha”. O disco conta ainda com o rapper Xis e o compositor-baterista-cantor Curumim em “AbuXisCuruma”. Depois de tanta paulada sonora, pausa para mais uma reverência africana em “Logun Edé”, a beleza por trás de “A Pedra Tem Vida”, e a lindíssima poesia sobre asas de “Duvião” onde Abujamra reafirma sua missão mafariana: “eu vim pra esse mundo pra espalhar alegria, pra espalhar amor, pra ser feliz e sou”. Mafaro é uma dose cavalar de boas vibrações colhidas pela esponja mental de André Abujamra em insólitas viagens pelos cinco continentes, gerando uma química tão explosiva que, possivelmente, deu luz ao melhor disco do ano.

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