15.5.10

No ziriguidum de Lurdez da Luz.


Uma salva de palmas, por favor! Aqui vai mais um seríssimo candidato a melhor álbum do ano de 2010, logo na estréia solo da melhor MC do país - na opinião da PITADA, é claro -, Lurdez da Luz, que projetou seu talento com a banda Mamelo Sound System e ainda brilhou no projeto 3 Na Massa. Sua primeira incursão solo é coesa, com batidas dançantes repletas de brasilidade. A percussão marcante e o suingue envolvente já habilitam o álbum para as pistas de dança. Além do canto falado no melhor estilo Gil Scott-Heron, apresentado em faixas como “Ah Uh (Onomatopéias)”, a voz de Lurdez da Luz hipnotiza na sintonia da companhia do gogó de Jorge du Peixe, da Nação Zumbi, em “Corrente de Água Doce”. Lurdez da Luz fala de amor sem papas na língua como em “Eu sou o cara”, que serve de manual para os marmanjos entenderem com todas as letras como as mulheres gostariam que os homens se portassem em um relacionamento. Vai vendo! A rima marca presença em “Andei”, em que ela divide o brilhantismo com Stefanie, MC do ABC paulista. Já “Ziriguidum”, num dueto com Rodrigo Brandão, seu parceiro no Mamelo, adiciona uma batida mais jazzística ao caldeirão de ritmos do álbum, com o trompete de Rob Mazurek realçando a boa produção de Mike Ladd. Reforçando o time de primeira, ainda aparecem o jovem beatmaker Tiago Rump, Maurício Takara (Hurtmold) e Scott Hardy, que também produziu o Nação Zumbi e mixou essa pepita de Lurdez da Luz. É um álbum que nos remete às precursoras norte-americanas do gênero, como Roxanne Shanté, Lisa Lee e Sha Rock, do que se convém chamar de hip-hop, e lança Lurdez da Luz na seara das vozes femininas das boas alternativas da música brasileira.

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