6.6.10

O jardim de Tulipa.



De início, lembrei da antiga canção dos Titãs que diz: “as flores de plástico não morrem!”. A associação é simples, só um gancho para o lindo nome da cantora e compositora Tulipa Ruiz e seu disco de estréia: “Efêmera” (2010). Mas aí é que está. Apesar de ainda dar seus primeiros passos musicais, a aparição de Tulipa com este belo trabalho nada de efêmera parece ter. A começar pelo timbre muito particular de sua voz, bem diferente da insistente pasteurização em meio a tantas vozes femininas. Já li até sobre algumas comparações e semelhanças com a interpretação da iniciante Gal Costa em idos tempos dos discos “Gal” (1969) e “Legal” (1970).
Faz muito sentido, é verdade. Mas prefiro me ater à atemporalidade presente na voz de Tulipa em interpretações delicadas, como em “Do Amor” ou na alegria pop de “Brocal Dourado”, cuja letra comemora a alegria de uma paixão bem tramada. Assim como imagino terem sido festivas e comemoradas as horas passadas em estúdio com a participação de tanta gente bacana e criativa da cena contemporânea. Ali mesmo em “Brocal” tem o synth de Donatinho, a bateria e percussão do franco-carioca Stephane San Juan e o coral nas vozes de Iara Rennó, Thalma de Freitas e Anelis Assumpção. Este sobrenome, aliás, diz muito da musicalidade de “Efêmera”. Anelis é filha do mestre “maldito” Itamar Assumpção, de quem Luiz Chagas, pai de Tulipa, foi guitarrista. Agora Luiz empresta seus dons à banda Pochete 7, ao lado do filho Gustavo Ruiz, que além de produtor do disco divide a composição da faixa tema “Efêmera” ao lado da própria irmã – Tulipa.
Em meio a tantas outras participações, que vão do músico e produtor Kassin às cantoras Mariana Aydar e Céu em temas como a tropicalista “Sushi” e a valsa eletrônica “Pedrinho”, aqui em casa escolhemos uma: o pop rock “A ordem das árvores” é bom para dançar repetindo o refrão de que esta ordem “não altera os passarinhos”. Lembrando das associações simplistas lá do início, é música com selo “verde”, perfeita para ouvir cuidando do jardim e espalhar mais tulipas pelo caminho.

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