
“Tristeza não tem fim / Felicidade, sim”. O verso de Tom Jobim e Vinícius de Moraes em “A Felicidade” logo me veio à cabeça com o fim da Copa do Mundo de futebol. Tudo bem que a final é somente daqui a uma semana, mas a verdade é que, para nós, sem a seleção brasileira, acaba aquele clima de mobilização e festa em dias de jogos. Se restava ainda algum interesse na competição, ele se foi com a torcida pela derrota dos nossos hermanos com a intenção única de não deixar brechas para gozações e a típica empáfia dos argetinos tomarem conta. No fim, o resultado deste somatório tristeza + argentinos dá em tango. O que me lembra do recém-lançado disco “Tango 3.0″ (2010) do Gotan Project. Apesar do nome – um anagrama da palavra tango – e da insistente releitura do ritmo portenho, o Gotan é um trio formado pelo francês Philippe Cohen Solal, o suiço Christoph H. Müller e Eduardo Makaroff, o único argentino. Se a reunião fosse time de futebol só teríamos derrotados tratando-se das respectivas seleções nesta Copa. Mas em “Tango 3.0″ os três se salvam, e muito bem. A começar pelo lançamento do single “La Gloria”, uma jóia pop que, não por coincidência, faz referência ao futebol com burburinhos de torcida e um trecho da narração de Victor Hugo Morales, um dos mais famosos comentaristas esportivos da Argentina. “Rayuela” faz uma homenagem à obra de mesmo nome do escritor argentino Júlio Cortázar, e apresenta o próprio declamando alguns trechos do livro em meio a um coral de crianças. “Tango 3.0″ traz ainda a voz cristalina de Cristina Vilallonga na faixa “Peligro” e o tom grave de Daniel Melingo em “Tu Misterio”. Dentro da agradável fórmula tango + eletrônica, citaria como trilha sonora dos dias que seguirão em Buenos Aires a bela “Desilusion”.




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