3.9.11

O incansável Sargento.



Nelson Sargento comemorou seu 87º aniversário no dia 25 de julho. Autor de sambas-enredos antológicos e sambas de meio de ano dos mais inspirados, Sargento é figura de proa da nossa música e um arquivo vivo da história da Mangueira – tanto da escola e quanto do morro.

Nelson Sargento é do tempo da zagaia – quando se amarrava cachorro com lingüiça -, mas ele está na moda e mais atual do que nunca. Fonte permanente de consultas para a elaboração de reportagens, livros ou filmes, Sargento é a memória viva do samba carioca. Disponível a quantos o procuram, ele é o rei da simpatia. Esbanja otimismo e felicidade, nunca nega um sorriso a quem dele se aproxima – mesmo quando andava desfalcado do teclado, abria aquele sorriso, de escassos dentes, de quem está de bem com a vida.

Nelson Sargento nasceu na Praça XV, no centro do Rio de Janeiro, no dia 25 de julho de 1924, e ganhou o apelido quando serviu o Exército, nos anos 40. Aos 8 anos de idade já desfilava tocando tamborim na Escola de Samba Azul e Branco do morro do Salgueiro, onde morava. Quando sua mãe, viúva, juntou-se ao marinheiro mercante Alfredo Lourenço, o Alfredo Português, ele foi morar no aglomerado de Santo Antonio, no morro da Mangueira. Tinha 12 anos de idade. Cresceu vendo os ensaios do samba e ouvindo as composições de Cartola e Nelson Cavaquinho, que lhe ensinaram a tocar o violão. Logo virou parceiro do padrasto, que era letrista respeitado no morro e passou a escrever suas poesias para o rapaz musicar.

Em 1947, quando Nelson estava com 23 anos, Alfredo passou a integrar a ala de compositores da Mangueira e o enteado foi junto. Da parceria com Alfredo saíram “Vale do São Francisco” (um samba-enredo de 1948), “Samba do Operário” (com participação de Cartola) e “Freira mais querida” (isso mesmo, uma homenagem a alguma freira, com a parceria de Nelson Cavaquinho). A dupla venceria o concurso de samba-enredo da escola em 1949 com “Apologia ao Mestre” e em 1950 com “Plano Salte – Saúde, Lavoura, Transporte e Educação”, garantindo o título de bicampeã para a verde e rosa no Carnaval. A escola foi vice-campeã em 1955 com “Cântico à natureza”, uma parceria da dupla com Jamelão e que é considerado até hoje o melhor samba-enredo da escola em todos os tempos.

Os anos 60 foram encontrar Sargento tocando no grupo que animava o lendário Zicartola, o restaurante de Dona Zica e Cartola, que virou ponto de encontro de sambistas e intelectuais, na Rua da Carioca, 53, Centro do Rio. A carreira profissional de Nelson Sargento deslanchou mesmo quando participou do show Rosas de Ouro, em 1965, com a participação de Elton Medeiros, Paulinho da Viola, Jair do Cavaquinho, Anescarzinho do Salgueiro, Clementina de Jesus e Aracy Cortes. Integrou, depois, o grupo Voz do Morro – do qual participavam Paulinho da Viola, Zé Kéti, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, José da Cruz e Anescarzinho do Salgueiro. Fez parte ainda de Os Cinco Crioulos, composto por alguns sambistas do Rosa de Ouro e do Voz do Morro, aos quais se juntou o compositor Mauro Duarte. Em 1979, o selo Eldorado gravou o primeiro disco solo de Sargento “Sonho de um sambista”. Seguiram-se mais oito discos de carreira e várias coletâneas.

E ainda tem o seu lado de pintor e escritor. Ufa! Continência ao incansável Sargento!

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