Mariana Aydar, ainda melhor

Costuma-se dizer que um bom vinho: quanto mais velho fica, melhor é. A cantora Mariana Aydar não sugere nome de nenhum vinho mas amadurece e ganha cada vez mais sabor com o passar dos anos. A prova está no recém-lançando disco “Cavaleiro Selvagem aqui te Sigo” (2011), que será apresentado na íntegra, hoje à noite, no Circo Voador, templo da música e juventude carioca.

Em seu quarto disco, Mariana que iniciou a carreira de intérprete cantando forró, não nega a raiz e presta sua pessoal homenagem a um dos grandes mestres do estilo, Dominguinhos. Este embala a canção “Preciso Do Teu Sorriso” com belas harmonias ao acordeon. Gravado ao vivo em estúdio, com produção do companheiro, compositor, cantor e multiinstrumentista Duani, e do excepcional maestro Letieres Leite, criador e arranjador da não menos arrepiante Orkestra Rumpillez, “Cavaleiro” revela um pouco mais da verve compositora de Mariana, seja sozinha em “A Saga do Cavaleiro” e “Floresta”, ou em parcerias como “Cavaleiro Selvagem”, escrita a quatro mãos com o rapper Emicida, escalado para se apresentar este mês no Rio, dentro do projeto Sonoridades, com curadoria de Nelson Motta.

O disco revela ainda a performance de Mariana em excelentes releituras. “Vai vadiar”, sucesso na voz de Zeca Pagodinho, ganha um tom de lamúria com a métrica imposta por ela, que personifica tão bem tudo que canta. Exemplos não faltam: “Não foi em vão” (Thalma de Freitas), gravada anteriormente pela Orquestra Imperial, “Galope Rasante”, de Zé Ramalho, e “Nine Out of Ten”, do disco Transa (1972), de Caetano Veloso, que do estilo reggae pioneiro à época faz hoje sua conexão com os tambores africanos na cama percussiva criada pelo baiano Gustavo Di Dalva.

Mas lá em casa “o pessoal” curtiu mesmo foi o brega + carimbó + rastapé “O Homem da Perna de Pau” (Edson Duarte e Chico Xavier), de 1980, que conta a engraçada história do forrozeiro que com sua perna de pau, levanta poeira e faz o maior sucesso desfilando passos que só ele mesmo consegue produzir. Essa é pra não ficar parado e ir correndo pro Circo, que ainda tem o carioca Pedro Luís apresentando as canções do seu novo disco sem a turma da Parede.