Conexão Brasil-Cuba

Elegância. Esta única palavra define o repertório de “Idílio” (2012), novo disco de Marina de La Riva, como também sua própria e bela persona. Carioca de nascimento, Marina expõe em sua obra a mistura do pai cubano e da mãe mineira que lhe deu vida e que a coloca como uma das mais vivazes vozes encontradas no nosso insosso cenário de intérpretes femininas cheias de vocalizes e vibratos.

Suas origens, desde seu primeiro disco em 2007, vão além da facilidade com que canta em português ou espanhol. Em “Idílio”, o repertório de canções escolhidas também faz uma longa e bem pavimentada ponte entre Brasil e Cuba. A começar por “Canción de las simples cosas” (Armando Tejeda Gómez e Cesar Isella), a única gravada em Cuba, ainda em 2009, com aparticipação de três bambas da ilha caribenha. Entre eles, Fabián Garcia Caturla, baixista e que trabalhou com o maestro Enrique Jorrin, o inventor do chachachá. A bailante “Voy a Tatuarme”, do também cubano Amaury Gutiérrez, apresenta-se em um guaguancó, ritmo originado na rumba, e que acabou por ser tornar o primeiro videoclipe da cantora.

Do Brasil, Marina pescou para o seu repertório “Deixa Que Amanheça”, conhecida na voz de Emilinha Borba, uma peça mais desconhecida de Vinicius de Moraes e Maria Medalha, “Ausência”, e a belíssima porém triste “Assum preto” (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), eternizada na voz do Rei do Baião e que ganhou um denso arranjo sobre o violoncelo.

“Idílio”, gravado quase inteiramente ao vivo com os músicos juntos em estúdio, tem arranjos do cubano Pepe Cisneros que co-produziu o disco com o baterista Pupilo, do Nação Zumbi, e conta ainda com Luizinho Sete Cordas que, por alguns anos, acompanhou o mestre Cartola. É de Luizinho o arranjo de “Propriedade Particular” (Lulu Santos), que juntamente com “Tu Me Acostumbraste”, do cubano Frank Dominguez, são faixas extras na compra do disco via iTunes Store.

Marina de La Riva lança “Idílio” – “romance” em espanhol – este fim de semana no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo.