23.9.12

Mais do que miragem



Até o princípio de 2011, uma banda praticamente desconhecida do público brasileiro. Mas com dois shows em menos de 40 dias – o primeiro, um dos mais comentados e elogiados da primeira edição do Lollapalooza no Brasil – o Band of Horses conquistou rapidamente um respeitado grupo de admiradores do seu estilo country/folk. Mas a trajetória do Horses não é tão galopante quanto parece.

Os caras estão na estrada desde 2004, sob a liderança do cantor e guitarrista Ben Bridwell, mas só chamaram mesmo a atenção da crítica com o sucesso do terceiro disco, “Infinite Arms” (2010), que chegou a ser indicado para o Grammy de Melhor Disco Alternativo e figurou entre os tops da Billboard americana e do mercado britânico. Assim, a porteira escancarou-se e chegaram convites para abrir shows de Pearl Jam, Snow Patrol, Kings of Leon, Foo Fighters e My Morning Jacket, sendo este último a grande referência para a sonoridade do Horses. Apesar do estilo country, a banda é originária da efervescente cidade americana de Seattle, eternizada como a terra do grunge.

E o Band of Horses está de volta com o recém lançado “Mirage Rock”, que muito diferente dos discos anteriores, trabalhados em muitos overdubs e na extremidade do perfeccionismo, traz a banda numa sonoridade mais crua, gravados em poucos takes, guardando assim toda a energia de suas apresentações ao vivo. Culpa do lendário produtor inglês Glyn Johns, que tem no currículo uma penca de monstros sagrados como Beatles, Rolling Stones, Bob Dylan, Eric Clapton, Led Zeppelin, The Clash, Midnight Oil e Rod Stewart.

Valeu muito a pena. As quase imperceptíveis imperfeições técnicas estão lá inseridas entre harmonias e letras, mas que ganham em frescor e crueza que só contribuem para sonoridade doce e delirante do Horses. “Mirage Rock” tem como destaque “Knock Knock”, que abre o disco num rock vintage de muitas vozes em coro seguindo a principal de Bridwell, a característica mais marcante do Horses. Na sequência, as boas “A Little Biblical” e “Electric Music”, puro classic rock! Mas o Horses também é bom de baladas, como fica claro em “Slow Cruel Hands of Time”, “Dumpster World” e “Everything’s Gonna Be Undone”, perfeita para dedilhar em volta da fogueira.

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