3.3.13

Cafeína lisérgica



No meio musical brasileiro, como também de forma mais generalizada, costuma-se dizer que prestamos pouca atenção ao que os nossos vizinhos latino-americanos produzem culturalmente. Por este nada honroso motivo, muitos de nós desconhecem completamente uma das bandas mais importantes e influentes de todo o continente, o Café Tacvba.

Após terem que modificar o nome original (o Café de Tacuba, restaurante tradicional da Cidade do México, processou a banda) que os acompanha desde o início, em 1989, assim como a formação original com os mesmos integrantes até hoje, o Tacvba vem inflar a lona do Circo Voador, esta semana, no Rio. Na bagagem, o novo disco com o sugestivo nome de “El Objeto Antes Llamado Disco”, uma referência direta às transformações da indústria fonográfica com a chegada das novas mídias.

E após um hiato de cinco anos para o álbum anterior, o Café Tacvba mostra que não parou no tempo e seguiu seu caminho singular transformando a sonoridade originalmente indie numa excelente mistura de folk, eletrônico, sintetizadores e, como sempre, as referências da música latina. “El Objeto Antes Llamado Disco” ratifica a longevidade do Tacvba com duas ótimas canções de entrada, “Pájaros” e “Andamios”. “Espuma” é uma balada doce e onírica acompanhada do blues rock “Aprovéchate”.

A voz anasalada de Rubén Albarran e a diversidade sonora do Café Tacvba estão marcadas na batida sintetizada de “Yo Busco” e na sequência de “Tan Mal” apoiada em guitarras distorcidas em que a temática recorrente são os problemas da vida diária e o envelhecimento, além de citações sobre a violência urbana em que o México mergulhou por conta dos cartéis de drogas.

Vale muito ir ao Circo Voador, na próxima quinta-feira – que tem abertura dos brasilienses Móveis Coloniais de Acaju – e conferir in loco a excelente “Olita Del Altamar”, cujo lindo clipe, gravado na Reserva Nacional de Paracas, no Peru, está aqui acima para você.

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