21.5.11
As aventuras da Blitz no Viradão!
Artistas com o desejo de atingir o grande público e uma lona azul e branca. Assim nasceu o Circo Voador, na Praia do Arpoador, em Ipanema. O verão de 1982 mudou o cenário artístico-cultural da cidade e alavancou várias bandas, muitas até hoje consagradas em todo o país. O Circo Voador mudou de endereço, se instalou na Lapa, defronte aos Arcos, e continua sua vocação de um espaço para a criação e apresentação das mais variadas expressões de arte e cultura populares cariocas e brasileiras. E a 3ª edição do Viradão Carioca, que rola de até amanhã, homenageia o famoso palco e o seu público com apresentações de artistas que fizeram sucesso sob a lona na década de 80: Biquíni Cavadão, Inimigos do Rei, Léo Jaime, Arnaldo Antunes e, last but not least, a queridíssima Blitz.
Em 1982, quem arriscou comprar um compacto chamado “Você não soube me amar” caiu na gargalhada ou pediu o dinheiro de volta. O lado B trazia uma música chamada “Nada”, em que um jovem e debochado carioca Evandro Mesquita repetia incessantemente a palavra “nada”. Nada mais. Felizmente, para os garotos da banda, o primeiro lado virou um sucesso estrondoso e, quando chegou às lojas acompanhado das outras faixas do disco “As Aventuras da Blitz”, trouxe fama nacional ao grupo carioca.
Mas o senso de humor da estréia não deve ser ignorado. É um dos ingredientes-chave na música da Blitz, um filtro pelo qual todas as influências da banda passavam. A primeira formação era composta por Evandro nos vocais, Lobão na bateria, Ricardo Barreto nas cordas, Fernanda Abreu nos backing vocals, entre outros no septeto. Apesar das letras cômicas, o grupo era antenadíssimo no que se passava no cenário internacional. Evandro, Lobão e companhia mesclavam reggae com dance rock, funk, rockabilly – boa parte dos estilos que formaram o punk inglês alguns anos antes e ainda pairavam pelo zeitgeist do rock. A musicalidade dos arranjos, assinados por todos, é notável. Um power trio bem amarrado pela bateria de Lobão segurava a banda. As texturas plásticas que estavam em voga na época eram compensadas pelo acompanhamento de Fernanda Abreu e Márcia Bulcão, que entoavam “tchubirubas” e “ua ua uas” bem harmonizados onde sobravam espaços. Ecos da Jovem Guarda se fazem ouvir na atitude de galã que Evandro assumia. E quando a Blitz embarcava no rock and roll dos anos 50, aquele senso de humor presente desde o primeiro single evoca Raulzito.
Com um rock leve, letras bem-humoradas e performance teatral no palco, a Blitz tocou no Rock in Rio de 1985, se apresentou por todo o Brasil e no exterior e se consolidou como fenômeno de massa. Lançaram produtos como revistas em quadrinhos e álbum de figurinha, em parte devido a sua grande popularidade entre as crianças. Depois do terceiro LP, a banda se desfez em 1986, voltando a se reunir ocasionalmente para shows ou eventos.
Fernanda Abreu seguiu uma bem-sucedida carreira solo e Evandro Mesquita se firmou como ator. Em 1995 a EMI lançou “Blitz ao Vivo” e dois anos depois alguns ex-integrantes se reuniram e gravaram o CD “Línguas”, mas nada comparado à inspiração que a banda tinha com o gel New Wave. E vamos nós ao Viradão Carioca! Geme geme!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário