9.7.11
Memórias da avó.
“Memórias luso africanas” não merece ficar a ver navios. Belo, dramático e épico, o primeiro disco solo (e independente) de Gui Amabis chega ao mundo este mês como uma relíquia de tons cinematográficos. Tendo como ponto de partida as histórias que ouvia da avó, já falecida, o produtor paulista embarcou numa viagem no tempo e criou uma odisséia musical, na qual relembra sua trajetória familiar.
Se o disco – que começou a ser gravado em 2007 e só foi finalizado há poucos meses – parece a trilha de um filme antigo, remetendo a trabalhos do inglês Cinematic Orchestra, créditos para Amabis. Ele assinou a música de “O senhor das nuvens” e “Quincas Berro D’Água”, além de produções para a TV como “Cidade dos homens”. Ao lado de outro parceiro, o baixista e também produtor Antonio Pinto (do Almaz), ele chegou a Hollywood, trabalhando na produção musical de filmes como “Colateral” e “Senhor das armas”. Outra experiência anterior, o grupo Sonantes, ajudou Amabis na seleção do elenco que participa do disco, que tem convidados como Dengue (baixo), Curumim (bateria) e Régis Damasceno (guitarra).
O Sonantes, que lançou um disco em 2008 pela gravadora americana Six Degrees (relançado agora pelo selo Oi Música), era uma produção coletiva, dividida entre Dengue, Pupilo, Lúcio Maia, Catatau e a própria Céu, além de Rica Amabis, do Instituto, irmão de Gui. Céu, que empresta a voz em parte do álbum, é também esposa de Amabis e, juntos, protagonizam o momento mais bonito e delicado de “Memórias Luso/Africanas”, com o quase fado “Doce Demora”, uma linda homenagem à filha do casal – Rosa Morena, de 3 anos.
Tulipa Ruiz também participa, com as praieiras (no ritmo e na letra) “Sal e Amor” e “Ao Mar”; Lucas Santtana canta a bela “O Deus Que Devasta mas Também Cura”, mas a contribuição mais surpreendente ficou por conta do rapper Criolo, que solta a voz na boa levada de “Orquídea Ruiva” e em “Para Mulatu”, uma das memórias africanas do álbum. A equipe nas dez canções é bastante requisitada e eficiente. Curumin, Siba, Rodrigo Campos, Dengue, Regis Damasceno, Thiago França, entre outros, completam o time em grande estilo.
Com um conceito bem amarrado, belas melodias, forte pesquisa de ritmos e muito carinho em todo o processo, Gui Amabis estreia como um camisa 10. Apesar da notável criação, Amabis, afogado em outros trabalhos, não pretende comandar sua nau musical por muito tempo e vai continuar nos bastidores. Corre lá e baixe gratuitamente essa pérola em guiamabis.com!
Para Mulatu (Gui Amabis feat Criolo) by criolo_oficial
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