13.8.11

Metronomy na Riviera Inglesa.


Curiosidade: a Riviera Inglesa é composta por três cidadezinhas na baía de Torbay, na Cornualha. Brixham, Torquay e Paington são o mais próximo que nossos amigos da Terra da Rainha podem chegar de um clima tropical (but not quite) sem ir até o continente. Pelas 22 milhas de encosta, as inglesas podem desfilar seus maiôs listrados em branco e azul e botar aquelas coxas branquelas para tomar um solzinho (but not quite), molhando os pés nas águas quentes do Canal da Mancha. Alegria ensolarada com aquele bronze kani-kama.

Como esse verão que arde mas não queima, essa é a tônica do terceiro LP da carreira do Metronomy. Melodia amorosa, harmonia frustrada. Harmonia apaixonada, ritmo neurótico. Ritmo tranquilo, melodia frenética. Instrumentação ensolarada, letra ácida. O som produzido pelo quarteto nunca chega a ser abrasivo, mas corroe como maresia. A banda funciona perfeitamente pelas 11 faixas do disco com uma engrenagem muito bem azeitada que, com muito poucos elementos, consegue produzir momentos de beleza sutil, paixão pueril, decepção, otimismo e até momentos de sacolejo de quadril. Curto muito isso.

O Metronomy já foi muito mais um esforço de propriedade do band-leader Joseph Mount, mas em “The English Riviera” a banda soa muito mais concisa e há espaço para todos os seus integrantes brilharem nos momentos certos. Seja a (belíssima) bateirista Anna Prior com um delicado trabalho vocal na faixa “Everything Goes My Way”, onde a moça canta por cima dos backing vocals cedidos por ela mesma, ou o baixo pulsante de Gbenga Adelekan, que segura pelos colarinhos faixas como “The Bay” e “Corinne”. Backing Vocals brincalhões, assinaturas rítmicas diferenciadas, sintetizadores, guitarra sequinha e pontual. Tudo preciso, intenso e nada forçado. Composições inteligentes e minimalistas.

I’m a sucker for traços de oitentismo que estão presentes no disco, mas “The English Riviera” está longe de ser saudosista. Há quem reconheça notas de bandas como The Bolshoi, Pet Shop Boys ou Spandau Ballet, mas quem as ouve falando mais alto que a sonoridade da banda está muito preocupado com a genealogia e esquecendo da musicalidade. O disco reflete um Metronomy que delimita muito bem seu ramo de atuação (pop avant-garde com sensibilidade melódica e melancólica) e que evoluiu de forma espantosa desde o último LP. Tudo bem que a Riviera Inglesa não é a formosa Baía de Guanabara. Joseph Mount e sua trupe estão tranquilos em relação a isso (but not quite) e, se você quiser, eles te levam até lá. Cheers!

The Look - Metronomy by WeirdBrowser

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