8.10.11

Que venha 2013!


O peso do Metallica, a versatilidade de Stevie Wonder e a emoção do Coldplay. Os sete dias do Rock in Rio foram repletos de grandes shows e de algumas apresentações que não fizeram jus ao preço do ingresso. Foram cerca de 160 atrações, com as animadíssimas e emocionadíssimas 700 mil pessoas marcando o festival também fora dos palcos.

As sensações:

O show do Metallica no terceiro dia do Rock in Rio foi tão bom que a própria banda não queria deixar o palco, mesmo após tocar por mais de duas horas. Com um repertório irretocável, que misturou pedradas como “Master of Puppets” e “Enter Sandman” com faixas mais lentas como “Fade to Black” e “Nothing Else Matters”, a banda deixou as 100 mil pessoas presentes na Cidade do Rock com aquele largo sorriso no rosto.

Stevie Wonder entrou na programação do Rock in Rio na última hora, quando a organização decidiu marcar uma sétima data para o festival. Sorte nossa: o show até começou morno, mas não demorou muito para esquentar. As baladas emocionantes como “You Are the Sunshine of My Life” e “My Cherie Amour” e os funks demolidores de “Superstition” e “I Wish” se sucederam. Mas o grande momento foi a versão de “Garota de Ipanema” com a multidão cantando junto.

O palco Sunset ficou pequeno para Erasmo Carlos e Arnaldo Antunes. A dupla reuniu um dos maiores públicos do local. E com justiça: o show foi memorável tanto com os dois juntos no palco como com cada um separadamente. Arnaldo interpretou músicas de seu mais recente disco, “Iê Iê Iê”, enquanto Erasmo misturou novidades como a ousada “Kamasutra” e clássicos como “Quero que Tudo Vá para o Inferno”. Juntos, eles fecharam com “Pode Vir Quente que Eu Estou Fervendo”. Dizê o quê?

Mesmo fazendo um show curto de 1h20 – o menor entre todos os headliners do palco Mundo -, o Coldplay foi emocionante. Agradou tanto tocando músicas do disco “Mylo Xyloto”, que só sai no final do mês, quanto tocando sucessos como “Yellow”, “Viva La Vida”, “Clocks” e “The Scientist”. Ainda acertou na homenagem a Amy Winehouse com “Rehab” e foi a atração que melhor aproveitou os efeitos de luz e som no festival. Coisa de quem sabe o que fazer bem e ao vivo.

Os coroas liderados pelo vovô Lemmy Kilmister – é surreal realizar que esse cara tem a idade do meu pai! -, mostraram que ainda têm peso e velocidade dignos de garotões no Rock in Rio. Foi uma verdadeira aula de rock, com lições como “Iron Fist”, “Going to Brazil” e, é claro, “Ace of Spades”. “Não nos esqueçam: somos o Motörhead e tocamos rock fucking roll!”, disse Lemmy ao final do show. Não há como não concordar com ele.

Se o Rock in Rio teve o seu dia de micareta, a responsável foi Ivete Sangalo. A cantora baiana fez o que sabe de melhor e fez o público sair do chão como nenhuma outra atração pop do festival. Ivete conseguiu até roubar a cena da principal atração daquela noite, Shakira. Quando as duas cantaram “País Tropical” juntas, a colombiana quase desapareceu ao lado da brasileira. Ivete foi a musa do festival!

O Skank não facilitou a vida de quem tocou depois deles no penúltimo dia do Rock in Rio. Foram tantos hits, e tocados com tanta paixão, que os artistas que se apresentaram logo em seguida não conseguiram levantar o público. Foram vários os momentos em que Samuel Rosa e companhia fizeram a Cidade do Rock toda cantar junto com eles: “É Uma Partida de Futebol”, “É Proibido Fumar”, “Três Lados”, “Vou Deixar”, “Vamos Fugir”… Estava difícil balançar só a perninha, fingindo não ser fã da banda.

Janelle Monáe provou que mesmo uma artista pouco conhecida pode conquistar a plateia do Rock in Rio. Basta ter um ótimo repertório, cantar muito bem, dançar melhor ainda e ter carisma de sobra. Até quem nunca tinha ouvido falar na cantora dançou músicas como “Cold War” e “Tightrope”. Na mesma noite, ela ainda fez uma participação especial no show de Stevie Wonder, cantando com ele “Superstition”, “As” e “Another Star”. Que beleza!

Apesar dos problemas no som – depois da quarta música, o volume caiu sensivelmente -, o System of a Down fez uma das apresentações mais pesadas do Rock in Rio. Sem firulas, sem trocas de roupa, sem cenário e sem espaço para solos: só rock. Foi uma performance digna de atração principal, até mesmo pela quantidade de fãs e pela duração do show, o maior entre os artistas que não fecharam o palco Mundo.

O show do Sepultura junto com os percussionistas do grupo Tambours du Bronx também ficou pequeno para o palco Sunset, tanto que roubou boa parte do público do Gloria, que tocava na mesma hora no palco Mundo. A apresentação fez o público bater cabeças ao som de clássicos como “Refuse/Resist” e “Territory” e uma pesada versão de “Firestarter”, do Prodigy. De brinde, uma participação especial de Mike Patton em “Roots Bloody Roots”. Um orgulho nacional!

E as decepções…

Difícil dizer o que foi mais errado no show de Ke$ha. A maguiagem estilo “Qual é a música?”, a alternância entre o excesso de efeitos na voz e o playback descarado, as coreografias e figurinos de péssimo gosto, a tentativa fracassada de parecer uma garota má: nada deu certo na apresentação da cantora americana. Pediu para sair.

O Snow Patrol ganhou o título de show mais apático do Rock in Rio 2011. Era para ser um show de rock, mas foi música para embalar o descanso do público. Nem a participação especial da brasileira Mariana Aydar em “Set the Fire to the Third Bar” conseguiu animar a plateia. Zzzzzz…

O vocalista Adam Levine pode até ter arrancado suspiros da maioria da plateia feminina, mas mesmo assim o show do Maroon 5 foi insosso e que ficou no vai-não-vai. Para piorar, o volume do som esteve muito baixo durante toda a apresentação, o que só aumentou a sonolência da plateia.

Entre todas as atrações do palco Mundo, o grupo brasileiro Gloria foi o que recebeu mais vaias. A banda exagerou na cara de mau para impressionar o público que estava lá por causa de Metallica, Motörhead e Slipknot, mas não conseguiu enganar ninguém. Ou conseguiu?

O Maná deu o azar de tocar logo depois do Skank, que fez um dos shows mais energéticos e cheios de hits do Rock in Rio. Em condições normais, o pop-sem-graça do grupo mexicano já não conseguiria empolgar a plateia. Tocando depois dos brasileiros, o resultado foi uma hora de tédio. Paes tem que pegar a Chave da Cidade de volta!

Com 2013 logo ali, o que importa mesmo é que o festival voltou para casa e com o elegante bordão lançado pela loba Christiane Torloni na cabeça: “hoje é dia de rock, bebê!”

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