5.5.12
Rock cabeça
Ok, o show foi nesta madrugada… Mas como não falar de uma banda com 30 anos (!) de carreira e que produziu um dos álbuns mais importantes da história da música brasileira? A resposta talvez esteja nos ingressos esgotados há mais de uma semana para esta apresentação no Circo Voador.
Era o ano de 1986. Os Titãs já tinham deixado o sobrenome “Iê-Iê” para trás após o lançamento dos dois primeiros discos “Titãs” e “Televisão”. Amargando o insucesso comercial e com poucos shows na agenda, o octeto – em sua formação mais conhecida contando com Nando, Arnaldo e Marcelo Fromer (morto em 2001) – engoliu o orgulho e entrou em estúdio com o produtor Liminha, ex-Mutantes, um dos grandes nomes da indústria fonográfica nacional à época e desafeto declarado da banda.
Mas Liminha respondeu executando um belo trabalho de produção e traduzindo em estúdio toda a energia que emanava da banda em suas apresentações ao vivo. Estava formatado não somente o épico “Cabeça Dinossauro”, detentor de um disco de ouro naquele ano, como também a sonoridade que caracterizaria a banda por toda sua história mesclando reggae, punk rock, funk, pop e abrindo as portas da mídia e o estrelato para o grupo paulista.
Na introdução de “Cabeça Dinossauro”, um pouco da genialidade dos Titãs: um tema inspirado num ceremonial dos índios Xingu para afastar maus espíritos. Com a uruca posta de lado, entra “Aa Uu”, uma das músicas mais cantadas nos shows até os dias de hoje. Em seguida “Igreja”, composição do ateu Nando Reis que o colocou em oposição a Arnaldo Antunes, que por sua vez acreditava em Deus e se recusava a entoar a canção. “Polícia” (Tony Belloto) e “Estado Violência” (primeira participação de Charles Gavin como letrista) seguiam na marcha destruidora dos pilares da sociedade brasileira. Na sequência “A Face do Destruidor”, que juntamente com “Dívidas”, seria uma das raras faixas não tocadas nas FMs dos anos 80.
Em seguida, somente sucessos críticos e muito acima da crítica: “Porrada”, “Tô Cansado”, “Bichos Escrotos” e “Família”, todas com a contribuição do excelente compositor Arnaldo Antunes. “Homem Primata” e seu capitalismo selvagem se perpetua até os nossos dias sem encardir. E pra fechar a tampa, o funk “O Quê”, gravada com a mistura de samplers, bateria eletrônica e que indicaria os novos caminhos sonoros que o Titãs da música brasileira colocaria em prática no disco seguinte, “Jesus não Tem Dentes no País dos Banguelas”. Muita história pra contar…
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