2.6.12
Um vai tarde, o outro cedo demais
As últimas notícias da semana que tratam do imbróglio envolvendo o Clube de Regatas Flamengo e o (ex?) jogador Ronaldinho Gaúcho me fizeram refletir sobre o comportamento extracampo de uma parcela dos jogadores de futebol que atuam no país. É sabido que alguns deles, a despeito da necessidade de condicionamento físico e boas horas de sono, adoram festas e eventos regados a muita comida, mulheres calipígias e litros de bebidas alcóolicas. Naturalíssimo se reservados para momentos de folga ou férias.
Porém o que me chama mais atenção seria uma espécie de uniformização do gosto musical da quase totalidade dos jogadores de futebol brasileiros. Os gêneros musicais escolhidos costumam passar longe dos nomes conhecidos do cenário pop e rock. Estes perdem de goleada para os top hits do sertanejo, funk ou pagode. Mas entenda por este último o chamado “pagode paulista”, com altas doses de romantismo barato e muita, muita dor de cotovelo. Algo bem distante das reuniões festivas chamadas inicialmente de pagode e que exaltavam o samba clássico e, mais tarde, o partido-alto criado e executado nas rodas por mestres sambistas. Daí o termo “alto” referindo-se ao alto gabarito dos compositores, intérpretes, estudiosos e aqueles criados no seio do samba tradicional.
E, hoje, lá do “alto” canta um dos grandes nomes do gênero: Carlos Roberto de Oliveira, o Dicró. Nascido em Mesquita, na Baixada Fluminense – região em que vivi grande parte da minha juventude – Dicró foi sempre conhecido por suas composições satíricas e bem humoradas que, invariavelmente, não perdoavam as “queridas” sogras. Entusiasta da construção do Piscinão de Ramos, criando inúmeras músicas em prol do projeto, Dicró foi proprietário de um trailer no local que acabou por se tornar um ponto de encontro de sambistas. Entre mais de dez discos de estúdio, uma obra-prima: “Moreira, Bezerra e Dicró – Os 3 Malandros In Concert” (1995), uma sátira ao espetáculo que reunia os tenores Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras. Desta forma, fica minha homenagem póstuma. Enquanto Dicró deixa saudades, de outros não faremos tanta questão de lembrar.
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