16.6.12

Verde que te quero ouvir



Jogar o verde para colher maduro. Um ditado manjado que lembra o nosso malandro jeitinho brasileiro. E é um pouco do nosso jeitinho, e na nossa casa, que as questões mundiais mais urgentes, conectadas diretamente à vida de todos nós, estão em pauta.

Seja na Rio+20, concentrada no Riocentro, com caráter mais protocolar dos chefes de Estado ou nos encontros de ONGs e ativistas da sociedade civil, nas tendas armadas para a Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, o desenvolvimento economicamente sustentável é o eixo principal das discussões. Os pilares são temas focados na inclusão social, o cuidado com o meio ambiente, produção de energia limpa e o reaproveitamento de materiais recicláveis.

E por falar em reciclagem, vamos falar de música. Essa conexão é mesmo semântica, mas pode-se dizer que música também é um produto com possibilidades infinitas de reciclagem ou re-uso. Existem alguns exemplos: uma nova versão daquele velho sucesso, em arranjo mais moderno ou interpretado por outro cantor, é uma música reciclada. O que dizer do remix? Mais uma forma de reciclagem musical.

Nos últimos anos, aqui no Brasil, o mashup – união de duas ou mais músicas numa única versão – alargou as fronteiras do que pode ser chamado de música. Mesmo esbarrando em intermináveis questões mercadológicas de direito de autor ou de fonograma, fato é que o mashup trouxe à tona o talento artístico de muita gente inventiva e bem humorada que não necessariamente compõe uma letra ou empunha uma guitarra para fazer música. O que vale é misturar.

E dentro deste sincretismo musical e extremamente criativo, que é bem a cara dos brasileiros, cito aqui algumas figuras que curto muito. Lucio K, por exemplo, é um fera na arte dos mashups. Considerado um dos pioneiros do gênero no Brasil, suas “composições” reúnem bom gosto e muita técnica. Em outra linha, no tamborzão do funk, o papa João Brasil e seu filho pródigo, André Paste, deram um molho tupiniquim ao mashup mundial. Em particular, gosto muito do conjunto da obra do DJ FAROFF (em caixa alta mesmo). Brasiliense e um dos fundadores da banda Móveis Coloniais de Acaju, o cara descobriu os mashups quando chegou no boom do estilo nos Estados Unidos. Da conexão do Planalto Central com o Tio Sam, saíram pedradas como esta reunindo Beatles, LCD Soundsystem e The Kinks.

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