12.8.12
Emoção até os últimos dias
No próximo domingo as Olimpíadas de Londres chegam ao fim. E pensando na festa de encerramento que passará o bastão para o Rio de Janeiro, a cidade sede dos Jogos Olímpicos em 2016, lembrei do show, literalmente, que a cerimônia de abertura proporcionou ao mundo. Há duas semanas, a Inglaterra e seu Reino Unido não deixaram nenhuma dúvida – se é que havia alguma – da gigantesca importância que a história da sua música em tempos modernos representa para a nossa evolução musical. Eric Clapton, David Bowie, Pet Shop Boys, Bee Gees, Queen, Sex Pistols, New Order, Eurythmics, Rolling Stones e, naturalmente, os Beatles, pesos-pesados que serviram e ainda servem de referência para tudo o que conhecemos como música pop.
Há de se admitir que, assim como no quadro de medalhas, a disputa é pau-a-pau com a poderosíssima indústria do entretenimento americano. Mas considerando-se as dimensões territoriais de um e de outro, e o número de potenciais consumidores domésticos, os britâncicos são de uma competência e talento invejáveis. Isto me fez lembrar a nada difícil escolha que tive que fazer, no último Lollapalooza, entre ver o Foo Fighters ou os ingleses do Arctic Monkeys. Sem pestanejar, fiquei com o segundo que, não por acaso, se apresentou também ao vivo na abertura dos jogos em Londres.
Como andam dizendo por aí, “quero ver as Olimpíadas aqui no Rio”. E isto nada tem a ver com questionamentos sobre infra-estrutura ou logística. Vendo e ouvindo, em Londres, estes monstros sagrados da história musical do planeta fico curioso em saber quem serão os nossos representantes na festa que será preparada para o Rio. Por muito tempo, deitamos na fama da bossa nova ou dos tropicalistas, liderados por Caetano e Gil, para falar com categoria sobre música com o mundo. Os tempos mudaram e o nosso mercado fonográfico mudou ainda mais. A música popular brasileira tornou-se mais popularesca para se manter popular e vendável e, talvez, menos influente para os ouvidos mais críticos. Naturalmente que o samba não perde sua majestade e que ele é o alicerce, juntamente com o carnaval, da nossa cultura rítmica e pulsante tão particular. Mas será que correremos o risco de ver novamente representado a velha ideia de festividade e alegria de uma república de bananas?
Eu espero e acredito que não. Porém antes do risco das bananas, não podemos esquecer que somos e seremos mais ainda, nos próximos dois anos, a pátria de chuteiras. E, não por acaso, este texto não será lido durante o jogo da seleção olímpica de futebol que batalha por uma inédita medalha de ouro em Olimpíadas. Se os britânicos podem se gabar dos ídolos que construíram, nós também podemos tirar a nossa onda como “os caras” do esporte que, ironicamente, nasceu na Inglaterra. Tomara que amanhã, e domingo, a musiquinha entoada nos emocionantes jogos de volei em quadra torne-se hit: “ô, o campeão voltou, o campeão voltou, o campeão voltou, ô”!
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