15.4.13
Síncope no contexto
Batuque, muito batuque, “Batuk Freak”! Muito apropriado o nome do primeiro long play da rapper curitibana Karol Conka, reconhecidamente a grande sensação do hip hop feminino no Brasil.
Sem abandonar as raízes – a começar pelo fato de permanecer na cidade natal e evitar o êxodo, como de muitos músicos, para Rio ou São Paulo – Karol conseguiu a alquimia de misturar as referências da música eletrônica mais atual, como a trap music e a síncope que alicerça a música brasileira em diferentes estilos, para burilar composições que a aproximam do pop mundial. Méritos de todas as suas composições como “Que Delícia” e da mão do produtor Nave, responsável por algumas faixas de Marcelo D2 e Emicida, que integrou samples e instrumentos tradicionais de forma orgânica.
O resultado é um disco dançante sem deixar de lado a verve crítica tão comum ao universo hip hop. Difícil pinçar a faixa mais representativa entre pedradas sonoras como “Gueto Ao Luxo”, com início eletrizante de timbaus recortados digitalmente, “Vô Lá” com um sample de emboladeiros que serve de cuíca, ao fundo, emendando no pife que dá start para “Gandaia” que exala sensualidade.
“Sandália” condensa a matriz afrobrasileira na mistura de reggae com o berimbau e uma leve quebrada dancehall. “Olhe-se” tem a pegada heavy dos rappers americanos com a participação masculina do Mc gaúcho Tuty. Os destaques finais ficam para “Boa Noite”, cujo clipe ano passado confirmou o prêmio “Aposta” do VMB 2011 e “Caxambu”, sucesso na voz de Almir Guineto que ganhou uma roupagem completamente dissociada do partido alto de estrondoso sucesso em 1986.
Após abrir o show de Criolo, em sua passagem recente pelo Circo Voador, e de levar pela primeira vez, em 40 anos, um show de rap para o palco do tradicional Teatro Paiol, em Curitiba, Karol já ganha a atenção da mídia especializada internacional que vislumbra na sua mistura de ritmos o mesmo impacto que a singalesa M.I.A. provocou com seu disco “Kala”, de 2007.
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